segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Meu equilíbrio.

Meu equilíbrio entre a dor lancinante e os dias em que consigo respirar? Meu equilíbrio entre a ignorância e a agudez de felicidade? Meu equilíbrio entre Nietzsche e Caio Fernando? Meus dias de Clarice? Minha vida angustiada? Meu luto? Minhas lágrimas? Meu vazio.
As vezes sinto que meu equilíbrio não existe mais, todos os meu dias encharcados de uma surpresa que não quero ter, 'será que hoje eu choro?'.
Antes tinha uma surpresa que já nem era mais surpresa, porque eu já ia correndo na frente para poder beber antes de ser oferecida a mim. Hoje a surpresa do dia me acua como o medo de cachorro bravo. A surpresa do dia me dói lá no fundo, e me deixa frágil, criança.
Ele é meu equilíbrio? Algumas vezes sim, e algumas vezes é só uma parte doída de mim, aquela que falta, que não me diz, não me olha e nem me toca. Meu equilíbrio entre meu mundo de falta e a vida real. Meu equilíbrio entre as possibilidades e o abraço. Entre dias Clarice e Caio. Entre dias de vida e de tão desejada morte.
Que já foi o motivo de minhas mortes simbólicas, é meu luto tão odiado, é minha nova dor, minha eterna cicatriz, minha sempre felicidade de última hora.
Não admito nada aquém do que já tive.
Enquanto isso tento respirar 3 vezes por semana, 1 dia de conversa instituída, 1 dia na terapia, divido um fardo com os amigos e me torturo como sempre.

domingo, 10 de outubro de 2010

Attraversiamo

Num dia tão cheio de nada e vazio de tudo, a vida me sorriu algumas vezes durante este dia. Uma onda alegre vinha me beijar, tão alegre que as vezes me dava medo, medo daqueles de chorar quietinha só pra dizer que chorou, e aí tomar a decisão certa, náuseas, àquelas iguais a das mãos dele na minha cintura, e o primeiro sorriso meu, daquele meu, e só meu. Cresci um pouquinho, de tamanho, de coração, de mim. Fui no restaurante novo, com aqueles velhos olhos molhados do nada que já me pertencia, sentei no lugar proibido, e recebi sinceros e penosos compadecimentos dos velhos olhos inchados. E me acostumei com meu nada do dia. Sabia que seria um dia de surpresa, alegria de matar saudade e medo daqueles de atravessar avenida movimentada, mas sem pensar muito, fui. Tão Isadora como nunca, e ri, achando graça de cada uma de minhas própria definições. Andei onde eu tive saudade, e queria ficar, mas estava curiosa demais pra saber o que tinha mais a frente. Bonitos olhos daquela moça. Eu queria aquele filme, não sei porque, mas era ele, e me causei estranheza por ter dito isso pela segunda vez na vida. Me sentei e me vi lá, tão frágil, desesperada, incapaz de dar ou receber, vazia de vida, de si. Minhas mortes simbólicas, e as vezes querendo colo de mim mesma. E sorri no canto. Não sabia que podia ser tão mulher, tão mais um pouco de mim por dia. "O desequilíbrio faz parte de uma vida equilibrada." Obrigada, Yoda.