entrei lá sem amor, mas toda orgulho. a cama no chão, a meia luz, a estante torta de livros sem capa, a confusão e a confissão de um amor surdo e cego em cima de um baú. nunca me senti tão em casa, por isso corri.
voltei alguns anos depois e a cama ficou menor, a estante mais suja, o mesmo baú, a confusão de sempre. pensei nas sobras da vida, nas aflições desnecessárias, de qualquer forma não desgrudava os olhos das duas janelas 'uns com tanto outros só com basculante', ri feliz de aguar uma terra tão seca.
pela segunda vez entrei lá, e dessa vez toda amor. as duas janelas ainda me encantavam, o desenho era meu, o sossego também, o baú ficou vazio, a cama cheia. nunca me vi tão feliz.