domingo, 26 de setembro de 2010

O querer.

Sabe, tive uma vontade enorme de arrumar seu cabelo aquele dia. A franja caída sempre me incomodou, aquela sombrancelha atrapalhada me dava vontade te abraçar e dizer que ia ficar tudo bem. Quis te ligar e te chamar pra jantar lasanha com rúcula, tomar coca-cola e rir de qualquer coisa na TV. Quis olhar pra você por 30 segundos ininterruptos e depois ver você sorrir bobo e bravo por não entender o porque daquele olhar tão desconfiado.Quis seu abraço em volta de mim pra domir menos doída. Quis seu bom dia pra acordar mais feliz. Quis ouví-los tanto. Quis a sua mão fria e boba na minha cintura. Nunca quis tanto ouvir sua voz. Quis aquele quarto mágico e aquelas figuras dançantes. Quis ouvir um blues com você e esperar o vento que sempre vem. Quis não acordar pra não ter que mexer e tirar seu abraço de mim outra vez. Quis olhar e te ver, mas não triste daquele jeito. Não com aqueles olhos. Não com aquele cheiro que não era seu. Com aquele rosto que não era seu.
E depois de imóvel, dilacerada e perdida no meio de qualquer coisa, percebi que não éramos mais.
Nada. Nenhum de nós.
E aí gritei.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

O meio

Porque pedir agora o que nunca tive? Porque implorar o que nunca me pertenceu? Aquela parte fria de mim, me disse: amor e decepção são apenas dois aspectos de um mesmo processo, minha querida. E a minha parte humana respondeu chorando uma dor morna. Não existiram palavras, reclamações, gestos, só uma lágrima duramente contida naquele turbilhão de promessas imaturamente feitas. Chorar agora por que? Pra que? Por mim? Por ele? Pelo fim do amor? Pelo fim de nós dois? Não. Agora é pela decepção, pelo não dizer nada, pelas ações impensadas. "Não vale a pena", ela me disse. Chorar pelo que, vale a pena? Por amores não correspondidos? Por bater o braço na parede de chapisco? Por não ter atendido o telefone? Por fazer mais do que deveria?
Não me dói esperar a primavera, o inverno que me congela.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Pra doer menos.

Minha dor se sabe. Sai antes de ser enxerida, acaba na poesia do meu inverno. Depois dela vem a primavera. A minha e de mais ninguém.
(continua...)