terça-feira, 16 de novembro de 2010

Os meus versos.

“Eu amo tudo o que foi
Tudo o que já não é
A dor que já não me dói
A antiga e errônea fé
O ontem que a dor deixou
O que deixou alegria
Só porque foi, e voou
E hoje é já outro dia.”

Depois de Pessoa embalar uma tarde triste pra quem viu e com promessas de concretude pra quem vê, descobri que eu saí do círculo.

Aquele círculo dolorido, chorado, arrastado, pra pular dentro de mim e de minhas Clariceanices despenteadas, limpas e grandes. Me bastei.

Assentei meu sorriso na alma, as borboletas no estômago, os centímetros que ganhei, os olhos não mais molhados, e a poesia de volta.

Li muito sobre ciclos e fechamentos de portas, como li sobre aberturas de janelas. Minhas janelas estão se abrindo, minhas asas saindo do armário, meus sorrisos de onde, não sei. Talvez da Isadora que esqueci em alguma janela aberta nos fundos da casa.

Outro dia.

Não achei que teria outros, que chegaria até outros. Cada tijolo teve seu quinhão de dor em mim, e de altura.

Meu muro mais alto, mais merecido e um tanto quanto dolorido.

Enquanto minha dor se esparrama, minha felicidade se faz em versos.

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