Hoje o dia acordou triste, o buraco de muito tempo ainda estava lá, escuro e grande. E a faísca de desespero me jogou pra fora da cama e me fez pensar em qualquer coisa mais banal. Sempre odiei esse papo de depressivo, mas peguei na mão da tristeza e ela só ficou calada, como eu queria que muita gente também tivesse ficado. Eu deveria ter ficado calada.
Clarice diz que se a gente tem o direito ao grito deve gritar, e eu gritei, por exatos 101 dias. Gritei, chorei e agora me calei.
Não por falta do que dizer, porque eu poderia gritar por mais cem dias, mas por ter sucumbido a qualquer coisa que eu não alcanço e que não vou alcançar, não por falta de tentar ou de querer, mas por não chegar até mim.
Acho que a auto-destruição sempre me encantou de alguma forma, meus ciclos não se fecham antes que eu feche a mim mesma, e me enclausure em um lugar qualquer escuro que me apavore, além de doer latente nos dias de chuva, e achar os dias de sol um porre total. Em qualquer papel velho escrevi que me sentir sozinha e implorar por um carinho e sorrisos sinceros faziam parte do plano anterior, e faziam mesmo, até eu descobrir que os planos se repetem.
Zeca diz que não quer passar agosto esperando setembro, há dias eu espero meus agostos passarem. Talvez se eu me sentar e esperar eles passem, não quero ver o sol agora.
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