quarta-feira, 28 de março de 2012

sem tantos fantasmas assim, minha carne fagocita minhas palavras.
masca
engole
e não cospe.
vomita ralo, se limpa e se cala.

até breve.


terça-feira, 27 de março de 2012

nessa alma livre que me assola como um furacão só quero o que me prenda, me consuma e me ilumine, nessa sina absurdamente humana que me torno quando amo.

não posso amar sozinha, não quero.
não quero sofrer sozinha, não posso.
nesse mar que nunca chega, nessa vontade afogada nele e no seu peito tão grande como a minha saudade, eu não posso esperar mais.

me leva logo
porque não tenho outra ideia melhor.

quarta-feira, 21 de março de 2012

soprada a saudade de ventos além-mar, o coração cantou as noites divididas.
apertou a distância, a brasa queimou a barra do meu vestido, as pupilas se desenharam involuntariamente nesse prenúncio de tragédia rotineira.
o gosto do vinho barato molhou minha boca, me fez lembrar do pavor das noites sem você, me fez amar meu risco negro de Miró, me fez praticar a paciência, ensinada a pontapés.
aprendi antes de você o benefício e a dureza do silêncio.
cortante pra quem cala.
desaprendi a te escrever, a te arder.
me calo, me engulo e espero.

segunda-feira, 19 de março de 2012

e tudo se resume em impulso
em saudade invicta.
eu, cada vez mais forte de cá.
de você não sei.
sei do que te abriga, e ele sangra de fortidão.
sem água, dessa vez enxergo melhor.

me vôo.
reconsidero meus açúcares.


quarta-feira, 14 de março de 2012

afirmo o amor. 
agradeço o impulso
amadureço a sozinhez
aceno sorrindo
volto depressa.

quinta-feira, 8 de março de 2012

e hoje saio vestido no vento, boca carmim na brancura de pernas grossas.
meio cabelo de lado, mais cabeça alada, menos frio, menos fria.
saio vermelha, segurando o coração de cá e boca de lá num frenesi carmim que não pedi pra ser, que me consome em doses angustiadas de calor na vida de sempre em que a resposta é não sucumbir.
não vou.
na quinta feira dos mundos findos, que imploda o peso dentro de mim.

quarta-feira, 7 de março de 2012

vá.
me encontre nas esquinas barulhadas de corações eufóricos.
me encontre nos cantos silenciados de corações afogados.
me abrace em praças vazia e frias de gente.
me olhe com poesia.
me mastigue com romance
e me cuspa com terror.