hoje eu sou intraduzível como qualquer coisa que não sei explicar por desconhecimento completo. meu coração já não conversa com o resto do corpo, já entro num processo de esvaziamento completo por indução, sem pedir licença nem agradecer. Cazuza disse que seus dias são de par em par, os meus não chegam aos pares, as vezes só alcançam as horas. me fartei de escrever sobre escritas reduzidas, duras e coisas repetidas. talvez faça um novo blog, jogue metade desse coração fora, mantenha um ou dois brilhos falsos nos olhos, pinte o cabelo, aprenda a arrumar um armário, a ter algumas opiniões, talvez tenha algumas ideologias, talvez eu tente agradar menos os outros, talvez eu aprenda a usar menos talvez'es e comece a pensar em mim. consigo perceber que a vida não dura muito e que só tenho duas saídas pra ela, ou vivo heroicamente, não deixando que se esqueçam de mim, ou deixo a vida se esquecer de mim. escolho aos 21 que a vida se esqueça de mim, não tenho mais saco pra me adaptar a ela, e nem ela pra se adaptar a mim. me esvazio, lenta e dolorida, outra chance de construir o que nunca consegui entender.
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