Não perdôo minha mãe por ter me comprado de aniversário o maldito filme da Cinderela com o imbecil do príncipe encantado. Deveria haver uma punição para mães que fazem isso com suas filhas, é uma ilusão que só tende a crescer ao longo da vida. E ferrar com a vida das pobres meninas inocentes.
Depois de pensar muito, concluí que todas as aflições amorosas femininas são por causa dos filmes malditos com os príncipes imbecis.
Quando a menina tem seu primeiro namorado, têm absoluta certeza que é o homem da sua vida, que ele vai te trazer flores todos os dias, dizer que te ama, pegar na sua mão na frente de suas amigas e jurar que o amor de vocês é eterno. É só o que ela quer.
Mas ele, o seu namoradinho, só vai se esforçar para ser o mais imbecil que ele possa, não vai pegar na sua mão na frente das suas amigas, não vai dizer que te ama a não ser que diga tão baixo que você custe a ouvir e não vai te dar flores, ele só quer contar pros amigos coisas que só nós, meninas, contamos para aquele diário de cadeado de plástico.
E quando a mãe diz que não sabemos nada sobre a vida, que esse namoro não tem cabimento, que o namorado é um idiota, nós choramos, desejamos a morte da mãe e temos certeza que sabemos o que é a vida.
Quando terminamos com o pequeno imbecil, pensamos como tivemos a audácia de namorar com "aquilo", e que chicotadas doeriam menos do que sua consciência naquele momento. Faz parte.
Mas continuamos acreditando no príncipe encantado. Maldito.
No segundo namorado, quando afinal, sabemos beeemmm mais sobre a vida, os desejos ganham contornos mais sofisticados. Só precisamos de um único elogio pra começar a fantasiar sobre a vida eternamente feliz. Bobinhas.
Dói quando descobrimos que não vai ser perfeito a vida toda. E dói muito. Porque toda mulher sonha em ter o príncipe encantado, que te carregue no colo, que te mande torpedos apaixonados, que te deseje todos os minutos do dia, que não pense em outra mulher que não seja você. Queremos paixões arrebatadoras, queremos amor em todas as delícias que essa palavra possa ter, queremos que todos os dias sejam diferentemente apaixonados. Achamos pouco quando as mães dizem "Só precisamos de um companheiro". Companheiro nada! Queremos é morrer de amor todos os dias. Bobinhas (outra vez).
Quem deseja pouco, vive pouco. Descobrir que os seus desejos não vão se tornar realidade não mata, só dói. Daí chore, até desidratar, na maioria das vezes resolve.
Não existem dias perfeitos, mas não nego que dias felizes existam. Não existe vida perfeita, mas existem momentos extremamente felizes. Se não nos segurarmos meninas, caímos no poço da desilusão e ficaremos como Camélias, Joanas e Marias, dançando desiludidas.
E se nada resolver, a gente processa a Disney.
Só te digo uma coisa: o nome do filme é "Ele não está tão afim de você"
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