sábado, 30 de julho de 2011

Quando eu era criança, fazer 'pouco caso' de alguém era extremamente condenável, hoje não é mais condenável, é só dolorido de um jeito que nem consigo explicar. O seu 'pouco caso' acaba com o resto de vida que sobra em mim, não me sinto amada, desejada, querida. Não sei distinguir se sua preguiça é de mim ou por causa de mim, não me deite aquele olhar morto outra vez. Não sei lidar com sua ausência, com sua presença, com a falta de mim, com o excesso de solidão, me perdi de mim e procuro em vão pela minha alma, como diria Chico. Cansei dessa vida em que aceito tudo enquanto vira martírio, as pressões dos amigos, a falta de você, os segredos deles, eu recalcada, eu calada, eu sozinha. Não mãe, não tô deprimida, não sou deprimida, só preciso encontrar meu caminho, preciso me livrar de todo esse peso quente que queima minhas costas há tantos anos. Devo ter feito alguma coisa muito errada pra ser negada a mim a única coisa que sempre dei em abundância, carinho. Vejo tanta maldade nessa sua negação, tanta coisa não contada, não explicada como se fosse um segredo sórdido que não duvido que ainda exista nas suas meias palavras. Me conte, me fale, grite! Preciso saber o que se passa, não foi isso que combinamos, não me torture tanto. Não me deixe pensar que a sua palavra não vale nada, que sua lágrimas são de crocodilo, não traia suas palavras, não traia o que você sente por mim ou pelo menos o que sentiu por mim, ainda existo e não mereço essa indiferença e quase-inveja do seu frescor que não mais me comporta.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

de Caio, pra mim.

'Lá está ela, mais uma vez. Não sei, não vou saber, não dá pra entender como ela não se cansa disso. Sabe que tudo acontece como um jogo, se é de azar ou de sorte, não dá pra prever. Ou melhor, até se pode prever, mas ela dispensa. [...] E se ela se afogar, se recupera. [...] E assim, aos poucos, ela se esquece dos socos, pontapés, golpes baixos que a vida lhe deu, lhe dará. A moça – que não era Capitu, mas também tem olhos de ressaca – levanta e segue em frente.'

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Hoje decidi escrever pra você, como já o fiz tantas vezes mesmo engasgada. Me pergunto o que estamos fazendo, porque agimos assim um com o outro, é muito rancor, eu sei. Me apavoro com seu desespero ao me olhar e então não faço nada, me recolho a meu título de 'planta'. Me perguntei se ainda te amava, então entendi Chico cantando 'porque era ele. porque era eu', Montaigne foi sábio em suas palavras, Chico sublime nesse momento. Só se ama o que se parece com você, não se ama o outro lado se você quer é ficar aqui, te amar nesse momento é o mesmo que me perguntar se eu me amo. Não me recuperei de ter caído naquele buraco, menos dias de vida devo àqueles tempos e eles me deixaram tão parecida com você e sua dor que as vezes não me reconheço, te incorporo e não me amo, não te amo. Amo o seu sorriso despreocupado, amo o seu sono, amo suas mãos que costumavam ser mais pacientes e me amo na mesma medida, homeopática. Agostos intermináveis fazem parte da nossa vida não é? Odeio a nossa ignorância em insistir no desconhecimento de nós dois, daqui alguns anos nos perguntaremos 'porque não deixei que só fosse doce?', burros. Tem que ser, não tem outro jeito, naõ sofra tanto assim. Prometi que não ia mais doer, era o propósito desse novo encontro, lembra? Não chorar mais. Você não me deixou chorar, obrigada. Continue segurando minha mão

terça-feira, 26 de julho de 2011

o que eu sonho (sonho?)

Sonho com tudo que me assombra, o suor que encharca meu travesseiro vem da mesma fonte dos meus medos. Sonho com aquela viagem, o ônibus e todo o horror que me causou, sonho com as suas costas indo embora de mim, sonho com a minha covardia, com todas as migalhas. Preciso não estar a sua mercê e a mercê de tudo que te envolve, ela roubando o que é meu por direito de sentir, você deixando que ela roube, preciso não sonhar com todos os nossos erros, todo o círculo vicioso que nos tornamos, preciso me lembrar que prometi que seria doce, preciso me conformar que a culpa não é minha e portanto não sofrer por isso, mas não adianta. Preciso acima de tudo ouvir 'eu te amo', 'me importo com você', 'desejo você, 'segura minha mão, vamos atravessar esse agosto interminável juntos'. É isso que preciso ouvir, e só.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Os meu porques me matam, a noite os resolvo e de manhã me enforcam. Fico tentando encontrar alguma explicação pro desequilíbrio e estranheza da minha vida, não entendo tanta bagunça e desalinho, sei como cheguei ao caos só não sei sair dele. Desafiei a vida e o meu poder de ser feliz, os dois me ganharam só me restou aquele impulso vital. Fico pensando se viajar é um erro, se tudo que espero na verdade não me pertence, nunca aconteceria comigo, o impulso vital me empurra pra frente, exercendo sua função. A falta de amor me leva a loucura extrema, não tenho lugar até nos meus próprios lugares, as grosserias passam por mim como se eu fosse uma planta esperando algum fio de água e um pouco de sol, e como planta que me torno, tomo algum tipo de consciência do meu lugar e me recolho a terra seca e a esperança de dias melhores. A espera desses dias me enlouquece, você não sabe que me mata aos poucos? Odeio tanto o rancor que sinto da vida, aprender a ser amarga foi a pior coisa que aprendi, odeio todas os seus erros que me atingiram, não me curo deles e não sei viver com eles, pronto. Não sou vítima dos seus erros, se fosse, tudo seria mais fácil, na verdade acho que nem você é vítima deles só teve a infelicidade de cometê-los. Não te defendo, nesta manhã te blasfemo e só nessa manhã te culpo do meu caos porque se me culpar por mais alguma coisa não sei o que sobra pra depois. Gritar o que eu quero pro mundo ou pra meia dúzia de pessoas que me lêem é só o que me sobrou, não me tire isso também, se me ler finja que não, por favor, e se quiser alguma explicação substitua por um carinho, pulemos a parte dolorida.

domingo, 17 de julho de 2011

os meus, os seus e os nossos fantasmas.

Sempre quando leio você tenho medo de nos escrever. Não sei o que pensar de tudo que leio, não gosto de me sentir menos mulher do que todas, não gosto de não ouvir sobre mim, não gosto de sentir tudo isso. Me envergonho por não ter a coragem de mudar isso, me sinto covarde, acuada por alguma coisa que ainda não consegui decifrar. Sei que sempre há o que falte, mas não voltei ao barco pra que falte, apesar de todas as pré-combinações. Não reclamo, aceitei o que me foi proposto, só queria me reconhecer nessa proposta. Passo os dias numa mistura alegríssima de mim e você com alguns dos seus trovões e muito do meu silêncio, tentando decidir se o que sinto é um amor tão imenso e portanto calado ou se é uma passagem obrigatória em direção ao fim do que já senti um dia. Por fim não penso, me entrego ao balanço dessa imitação de leveza que ensaiamos todos os dias pra não padecermos da falta de um enorme pedaço de nós em cada um. Isso não é pecado muito menos crime, a essa altura dos fatos a falta já um prêmio. Não escrevo amargurada, angustiada sim, cansada também, de gritar o que não chega em mim, de pedir o que não me dão. Não te culpo, só não te reconheço e assim tornas uma nova pessoa com quem preciso aprender a conviver e amar, me perco em mim e nesse redemoinho tão grande que me provoca o frio na barriga de beirada de abismo. O que faço de você em mim? Te mastigo, te cheiro antes pra ter certeza da sua presença e torço pra não engasgar outra vez. Me encolho de medo dos meus erros - talvez esse seja o maior deles - e pareço fraca perto de você e de todo seu universo sempre refrescante, novo e moderno que me faz sentir a pior e a mais equivocada das mortais. De alguma forma encaixo em você, não acredito na total estupidez da vida te enfiando no meu caminho de novo. Cansei de pensar-nos e de afastar os seus fantasmas de mim, escolhi que a vida me levasse, estou soltando o corpo (por hoje) ...

segunda-feira, 11 de julho de 2011

sobre Paris e conformidade.

Dogs corta meu coração numa felicidade conformada e certa, numa noite em que pela primeira vez meu coração igualou-se ao seu ao reler as cartas que tanto relutei por anos. Sei da sua dor hoje e me martirizei na medida pensando 'quem não tem amor, tem estradas' e foi isso que você fez, a estrada. Me vi tanto em você e me odiei por ter provocado a dor que hoje sei o tamanho, pensei muito se preciso me desculpar, senti do fundo da minha alma que não, talvez você espere esse pedido há muito, mas só senti que não. Quis tanto ligar e perguntar sobre tanta coisa, sobre as teorias formuladas e divididas em escritas deformadas, discutir filosoficamente sobre as frases finais, os inúmeros p.s's, mas me lembrei que isso já foi combinado previamente e me conformei outra vez olhando a estrada passar que apesar de tanto coração e esperança raladas tão forçosamente, nunca deixei de ver a vida do jeito que te contei.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

o amor que flutua.

Tenho que parar de me adoecer de você, minhas pequenas viroses diárias quando o pensamento estaciona em você me matam aos poucos. Meus planos de vida, minhas fantasias, desejos, meu tesão e minha felicidade eram melhores com você. Não me envergonho de dizer isso, eu era mais feliz mesmo, fazer o que? Não busco mais essa mesma felicidade porque o que fazia dela tão grande já não existe mais e já me consolei dessa perda. Gosto da luz que sua presença acende em mim, ultimamente tenho precisado muito dela mas me atento pro exagero, relevar o exagero fazia parte daquilo que se perdeu, os tempos são outros. Não me esqueci como cuidar de você, nunca deixei de o fazer mesmo dentro de mim, também não esqueci como me esquivar das suas tempestades, aquelas com o céu mais preto que já vi e que não deixam de me apavorar. Minhas palavras parecem tristes a um primeiro olhar, mas não o são, são mastigadas a cada segundo do dia, pensar num amor que flutua é muito complexo, preciso de muitas letras pra isso, não sei o que fazer de mim, de você e de nós. Entre tanta coisa esquecida pela força ou pelo tempo resolvi me lembrar do destino e de como eu acreditava nas suas funcionalidades.