quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Hoje eu não sei o que sentir. A felicidade me consome e trava minha escrita em pontos nervosos mas sobretudo, ansiosos. Hoje eu queria que você - não você - estivesse aqui, na verdade, eu aí. Não me surpreendo por me apaixonar pelo desconhecido, e sim pelo medo irracional de ir até ele. Na verdade, espero que ele venha até mim. Cansei de deslocamentos bruscos a favor de outrem, agora quero deslocamentos bruscos a meu favor - e apaixonados por favor, bem quentes, se possível. Fantasio a vida. Escolhi assim. Fantasio a minha dor de um drama trágico, quase mortal. Minha felicidade fantasio do impalpável. Meus amigos do etéreo, minha família do eterno, meus amores de beleza.
E você é beleza pra mim.
Tenho a incrível capacidade de me abster do anormal, de amar o que me dói, de desejar o pior pela certeza de dias melhores.
Não desejo mais a sua leitura de mim. Só a sua chegada pra mim, ou por mim.

sábado, 27 de agosto de 2011

ode à ressaca

Hoje minha casa acordou indignada com a política, com a impunidade, com a falta de vergonha. Hoje meu corpo acordou indignado por todos os dias em que fui infeliz, me dá tapas na cara através de uma ressaca homérica. Minha casa acordou indignada pelo silêncio forçado, meu corpo exalou a mesma raiva por esse silêncio maldito. Meu corpo acordou morto, minha casa viva, como a minha alma cheia de alguma coisa que por hoje, só por hoje, me basta.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

o vento que não canta.

'Chegamos ao fim..', foi uma das frases mais dolorosas que li/ouvi nesses meses tão estranhos. E escolhi simplesmente não pensar nela, não escrevê-la de imediato, deixar a dor esfriar, a noite gritar minha solidão confortável. Confesso que a chance de te enlouquecer com a minha dor aliviou um pouco da minha, mas me perdi e enlouqueci junto, de uma dor lancinante, feroz, que foi nos arrancando a paz noite adentro. Foi me arrancando a paciência de um céu que não clareava nunca e se parecia tanto comigo. Foi me arrancando o sono que há muito já te pertencia. Os gritos me arrancaram a força do corpo numa importância nula da minha parte, o travesseiro abafava o que ninguém precisava ouvir, só eu e você. Disse tudo o que eu quis, rasguei a carta que te escrevia, apaguei seus lembretes antes da viagem, substituí as horas que te pertenciam, tenho ficado boa nisso. 'Dois pensamentos não ocupam o mesmo lugar', tenho repetido sempre pra não padecer do buraco no meu peito que ainda não permite que o vento que passa por ele, cante.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

nua (como as outras).

Ela me perguntou qual é o sentido de tanto sofrer, disse que me conhecendo tal como conhece não vê sentido senão o amor. Duvidei do amor que eu sentia por ele ao tentar responder a pergunta, que ficou sem resposta aquela hora. Depois, quando resolvi, inconsciente, que meus dias seriam mais felizes, que não me deixaria levar dessa vez (porque provavelmente não voltaria) eu consegui responder a pergunta e respondi que sim, que eu ainda o amo, apesar das partes ruins serem maiores nos últimos dias. Eu te amo, mas não tenho sua parte no amor, talvez seja otimista demais. Queria tanto que você me entendesse, me leia! Me olhe nos olhos de vez em quando! Não me ponha nua como as outras, não me deixe abrir suas gavetas, só queria não ser igual a todas, achei que muita coisa sua era minha, mas você me pôs nua, igual a todas elas, marchando em volta do tanque e esperando a morte. Você é egoísta como Tomas, trouxe Tereza mas trouxe Sabina's, não é justo, aliás, custo a ver o que é justo nessa história. Insisto num misto de medo, curiosidade e amor.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

quando encontrei o livro.

Comecei a ler nossa história por acaso, procurando uma leitura pra chamar o sono que insiste em não aparecer todas as noites. Achei uma dedicatória do meu pai dizendo sobre lembranças, achei filosoficamente piegas a introdução como qualquer outra coisa que tinha lido por aí. Prestei mais atenção quando Tereza se transformou em Isadora, mais ainda quando Tomas se transformou em você, em mim, em nós dois juntos em paz, em nós dois em guerra com cada um, por cada um. Devorei vinte páginas em uma noite insone, não veio o sono pela angústia como em todas as noites, não veio porque encontrei o que sempre quis te dizer, encontrei a nossa história, todas as minhas maiores angústias escritas num tempo tão distante e num lugar mais distante ainda. Era eu, presa naquelas páginas, não importando se me misturava a Tereza, Sabina ou Tomas, eu, e tudo o que eu nunca consegui compilar pra te dizer, não preciso passar de 1/3 do livro pra me aliviar um pouco do peso da conversa inevitável, só pensei em dá-lo a você e só consegui desejar que você me visse naquelas páginas, a dúvida da sua sensibilidade quanto a isso me assaltou, devorei mais algumas páginas e dormi, acordei com a dedicatória escrita, a logística pronta, o sebo escolhido.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

o que se faz as segundas.

Hoje decidi dar uma volta, em mim mesma. Ao som de uma música alegre, a espera de dias melhores, com a certeza de paisagens mais bonitas e sensações menos duras. Decidi que amanhã darei uma volta pela cidade, ver algumas pessoas interessantes, cuidar do que me interessa. Decidi que amanhã verei uma coisa qualquer bonita e me apaixonarei por ela e aí então embrulho bem sua lembrança e levo comigo pra continuar quente. Amanhã darei uma volta no parque, no mercado talvez, tomar um sorvete, carregar as músicas pra amanhã. Decidi que amanhã eu não vou pensar em nada, só em como ser feliz dentro da terça-feira. Na sexta, pelo jazz, decidi que é dia de botas e batom vermelho, não sei porque. No sábado ... não se planeja sábados. Domingo é o dia de mostrar o resultado do resgate, a velha blusa nova e os óculos meio perdidos no tempo. Hoje decidi planejar terças, sextas e domingos, nada mais.