segunda-feira, 31 de outubro de 2011

não quero chuva
não quero noite
não quero frio
não quero obrigação
quero chão
não quero roupa
odeio calças.
não quero essa dor nas costas
não quero esse vento gelado
não quero essa distância.
quero o que pensei que fosse.
quero o meu colo.
quero você. quero eu. queremos nós.
quero a minha paz
cansei dos furacões
trovões
enxurradas.
quero o meu sossego boiando num mar de verão, num colo de mãe, num suspiro menos distante.

sábado, 29 de outubro de 2011

escrever o quê?
escrevo minha imaginação, escrevo os nossos nós, nossos mergulhos, nossos sorrisos.
irreais, surreais.
escrevo o que me transborda.
escrevo o dia laranja que me assalta.
escrevo você.
o seu lado esquerdo, meu suspiro calado, o quente desejado e nem por isso irreal.
me escrevo refletida na multidão do seu sorriso em mim, de ponta a ponta.
nos escrevo no reflexo de alguns quilômetros de água.
me vou desejando o meu mergulho, seus dedos e as risadas mútuas.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

nos meus novos rituais, os grampos invadem a minha vida. guardo todos na minha cabeça, os louros do lírio, os pretos meus, os invísiveis de casa. me dispo deles, me dispo do aperto, me visto de você. me ensopo de chuva e de sorriso, me embriago de vinho e você. me vou um pouco mais leve, me vôo um pouco mais além. me dispo de cabelo, de cama, de verão, me visto de silêncio. me levo na saudade do que já vi e na saudade inexplicada do que não vi. me dispo de leveza e me visto de maravilha.


me visto enfim, de insustentável e de inquietude.

sábado, 15 de outubro de 2011

sobre açúcares, afetos e ventos.

Chico enche minha solitária manhã de sábado ensolarado, hoje me sinto mais perto de casa, mais perto do meu azul, mais perto de você.
hoje me permiti deixar sentir, meu vício acaba junto com a malandragem buarqueana.
me permiti a surpresa de sentir, me permiti ficar comigo em paz
me permiti só os acordes lentos, a falta de furacão, o sol queimando devagar, a rede imaginária, a casa sozinha.
consegui ouvir o passarinho que vem toda manhã, ignorei os carros da rua, o telefone, o interfone, tudo que me dói, me desespera, me tira do eixo.
hoje treino a minha paz pra todos os outros dias.
mudar de vida talvez? a limpeza de tudo me encanta, hoje a casa é limpa, é minha, é fresca.
a praia espera outro dia.
de certa forma, a solidão me enche.
chega.
a vida me espera lenta, iluminada e cheia de vento levando o cabelo num frescor incomparável.



quarta-feira, 12 de outubro de 2011

tudo que me permiti.

essa semana me permiti a sensação de derreter nos meus abraços de volta.
me permiti a única sensação que consegui suportar.
me permiti e sobrevivi a tristeza, nada tão novo. só digestão imediata.
permiti aos meus ouvidos as músicas da saudade.
permiti ao meu coração o sopro da espera.
permiti a minha visão o exercício forçado da maravilha pra não sucumbir.
ao meu fígado o remédio imediato da tristeza.
a minha tela de 11 polegadas a janela pro 5 de março.
aos outros, não permiti nada.
a mim, a minha vida de sempre, cheia de nada e faltando tudo.
não necessariamente nessa ordem.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

água em 8:02.

Empatando os dias bêbados, te escrevo em silêncio.
Desejo em silêncio sua leveza e seu peso, na mesma medida.
Desejo o sofrimento da sua presença e a delícia da sua distância.

Penso nos dias que adoraria sua maravilha em mim.

Penso nos dias que a minha falta, falta em tudo.
Me deixo acreditar que em você também.

O surreal de tudo isso se transforma num real encharcado de estranheza.

Me gosto com esperanças que me ventam.
Você me ventania.

O oceano é um monte maldito de água que me separa de tudo que me apego.

O oceano é um monte bendito de água que me faz viver o que preciso, não o blasfemo mais.

Sempre me afoguei em saliva, lágrima, vontade e saudade.

(os 8:02 acabam triunfantes no meu caminho Tamboril.)

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

agora é hora de ouvir beleza.
me calar, fechar os olhos e só ouvir.
só ouvir você cuidar de mim e da minha impaciência infinita.
só ouvir você me levar pela mão dentro de um dia cheio de sol.
só ouvir as risadas se misturando dentro dos dias frescos.
agora é hora de esperar.


você existir.

domingo, 2 de outubro de 2011

não caibo.

a diferença chutou minha porta e minha harmonia, chutou minha expectativa e um pedaço de mim.
quando se tem um sim, um não é um tapa na cara.
me permiti só um dia de tristeza.
chega.
não sei o que esperar, nada diferente.
agora não tenho mais medo, a maravilha me assalta todos os dias, os medos são dispensáveis.
medo se tem quando nada te maravilha.
todos os dias a vida me grita que o meu caminho é sozinho, solitário não.
me paro num mundo além, às vezes o sentido escorre e não ocupa o mesmo espaço real.
misantropia é tão necessária quanto a socialização.
hoje me assusto mais com a minha misantropia.
não caibo.