terça-feira, 31 de maio de 2011

o que não existe, falta.

Hoje descobri que sua ausência não teve tempo de doer, mas teve tempo de faltar. Me irrito pela sua meninice e o modo como lidou comigo e com todos meus sonhos, você poderia ter sido parte deles, talvez tenha sido muito covarde pra isso. Não aceito covardia com sentimentos e não sei como alguém consegue viver bem sendo covarde com os dos outros e em piores casos, com seus próprios. Minha raiva de hoje seja talvez o nó que ficou preso naquela noite em que minha frustração e sua estupidez me deram um tapa na cara. Sinto falta do que nunca tive. Escolho não voltar pra onde nunca cheguei.

sábado, 28 de maio de 2011

aquele em que olhei no espelho.

Me preparo pra viver sozinha cercada de tanta gente, pensando em como deve ser possível sair da multidão silenciosa sem que ninguém te veja. Saio me observando, cada pedaço de mim, resgatando as partes que ficaram encostadas no lixo até criar coragem para cuidá-las outra vez. Não me amo, me reconheço. Em suas devidas proporções de tempo, não vejo mais seu rosto como primeira imagem, vejo o meu e penso como o deixei envelhecer assim, eu era tão bonita. Continua bonita, porém adulta, de uma 'adultez' fria como nunca gostei, como nunca desejei. Queria ser livre de toda esse ranço adulto de tristeza, mas me esqueci disso nos mesmos tempos em que esqueci de mim. Não quero me perder mais, não posso, é a minha última chance de conduzir minha vida a delicadeza que sempre desejei. Depois de uma noite bem dormida no limite da minha estranheza, treino o viver só, numa manhã tão azul e passarinhada como eu costumava ser. Aprendi a esperar.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

a última perda.

mais uma vez minha única fuga a mais uma perda é esse pedaço de papel que não existe, ironicamente feito pra ninguém ler. amor é minha fuga, quando o tenho, não escrevo, não sei. me recriminem. ainda não sei escrever felicidade e abundância. talvez um dia aprenda. versos soltos, soltos como eu quando feliz. versos pontuados, duros, secos, com minúsculas renitentes em seus espaços indevidos, eu, triste assim.
perdi. mais um pedaço de mim.
um pedaço que não via há tanto, que me sorriu todos os dias e entristeceu-se nos últimos. eu sei, já entendi, a mágica não mora lá, mas seria capaz de derrubar as casas ao lado e fazer um jardim, uma porta no lugar da janela, dois corações novos, o mesmo cheiro de dois e morar lá quietinha pro resto da vida, esse foi meu primeiro desejo sincero. ao lembrar de tudo, sinto tanto, tão latente, tão pulsante e vivo que não consigo escrever, pela segunda vez. a minha própria ironia de só conseguir escrever o que é triste.
pegue aquilo que não sabemos o nome e que se misturou aos nossos sorrisos e leve com você. não esqueça nada. não me esqueça lá. prometa-me calado (sabes que ouço).
aí então voe daí. eu vôo daqui. sempre nos (re) encontramos no céu não é mesmo?

domingo, 22 de maio de 2011

sobre sapos e nós.

O bicho que me come o estômago é o mesmo que come meu medo, mora há tempos aqui dentro, em períodos de miséria e êxtase. O nó de hoje vem afrouxando conforme o dia passa, o tempo que afrouxa o nó é o mesmo que me ensina como viver sozinha e a não engolir todos os sapos que a vida me enfia goela abaixo. Sobrevivi a mim, entupida de sangue, de sapo e de dor. Sobrevivi a você, sem você. Sobrevivo a um mundo que não vejo tanto sentido, que não é tão azul como eu queria que fosse e nem tão divertido assim. Os meus fantasmas são amigos dos seus, nos infernizam em conformidade, vivi muito tempo com eles. Você não morre em mim porque não é hora, eu te deixo ir de mim porque é hora, a miséria é muito pouco pra quem já teve tanto tudo.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

trinta segundos de deserto comum.

Depois do desinteresse forçado às nossas vidas distantes, te escrevo com um interesse sincero de vidas comuns. Cuido de você dentro de mim, delicado como se foi, como deverá sempre ser. Um acordo comum selado pelo silêncio entendido pelas duas partes. Te cuido com tanto cuidado como daquelas flores de maio, não te deixo arranhar apesar de sempre se repetir como tudo o que é arranhado, não te deixo bater em quinas apesar de ter perdido tantas minhas por aí, não te deixo morrer apesar de ter morrido tantas vezes e tão dolorosamente. Espero tudo, de tantas vezes, de tanto tudo, hipocrisia dizer que não. Mas o meu pior medo, o de não estremecer diante de você, me vi curada, talvez por te amar tanto de todas as formas que consegui. Tive tanto medo de te olhar dentro dos olhos, precisei de trinta segundos pra contar a você a minha vida, o resto era dispensável, você tinha entendido. Atrás da rebeldia de vida, de valores, relações e prudências me vi mais uma vez numa ânsia única e simples, beber todo amor que houver nessa vida. Tecnicamente precisaria de você, concretamente te tenho, em mim.
Quieto.
Como nossos desertos comuns.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

eu, sem mim.

admitir falta é declarar amor. o átimo de sanidade oculta em tanto cansaço e vida ralada me fizeram mais dura. declarar amor era princípio de vida, opção consequente dela, a misantropia rasga todas elas. o impulso do falar se abafa pela consequencia do sofrer. uma parte de mim foi morta, consentida e consciente. me mato e me morro por todos os amores que possam vir. não me arrependo, opção de vida.
amo, diferente de tudo.
alheio a mim.

domingo, 15 de maio de 2011

Sobre desconstruções, reconstruções e Floyd.

Ouvir Floyd me cura do meu medo de você, de te sentir outra vez ou de querer levantar qualquer bandeira azul. Meus medos me surpreendem, me vivo toda em todas minhas desconstruções sublimes e improváveis de medo. Tudo o que eu achei que poderia ter sido, não foi, me fez ver a vida mais dura, talvez? ou mais bonita e incrível por outro ponto de vista. Meu amor não foi tudo o que eu quis, minhas expectativas não foram aquilo que pensei, meu medo de Floyd esperou dores dilacerantes e no entanto, só me fazem mais Isadora, de um jeito que nunca poderia deixar de ter sido. Mas deixei, para desconstruir e reconstruir logo depois. Os cinzas posteriores na verdade são só mais uma rasteira do meu medo, os cinzas não existem. Nem os dias de cão. Só os de Floyd e muros caindo.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Amor e ponto.

Hoje o texto não é meu, mas no fundo não deixa de ser.



Uma vez

Morrer uma vez.
Deixar que a dor te mate para depois nascer de novo.

Taí uma coisa importante na vida.

Cris Guerra

sábado, 7 de maio de 2011

a explicação dos cinzas posteriores.

publicar algo tanto quanto mais cinza é um jeito de fazer com que me sinta menos cansativa.

minúsculo.

Em que nada é esperado, desejado, assumido, a carta de criatividade ascende como qualquer outra luz tão amarela quanto a minha alma encharcada de alguma coisa não-tão-podre-mais, misturada a algo que não quero entender, no olho do furacão de encantamento numa vida que sempre quis ter ou materializada em alguma perspectiva de felicidade muda em qualquer canto de mim. tão desconexas quanto um ponto final num pensamento contínuo de irracionalidade de mim. Os pontos finais são tão opressores quanto qualquer coisa mais estúpida desse mundo que faço parte por conveniência ou poesia. os além-ponto se mandam minúsculos, não entendem a racionalidade do maiúsculo e todo seu poder nunca provado. afirmar-se minúsculo é forma de sobrevivência, a você mesmo.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Desses que eu preciso escrever.

Hoje eu precisava ver o mar, tão grande quanto qualquer coisa que mora hoje em mim. A tristeza e a felicidade se misturam num ritmo que não consigo acompanhar, talvez nem queira. Soltei os braços, as pernas, fechei os olhos e deixei que o vento me levasse, as vezes me sopra pro pior dos lugares, as vezes pro melhor deles, outras pro melhor dos meus sonhos, outras pro meu vazio agudo e acima de tudo, tristíssimo. Talvez seja isso que me falte, que sempre me faltou, deixar com que a vida vá sem que eu tenha que meter. O sopro da velha vida azul e confortável me sopra com ares tão tristes como nunca pensei que poderiam ser, a mesma sintonia, o velho machucado. Hoje me entendo com a dor do tamanho do mar, amanhã com o mar, do tamanho de mim.