Me preparo pra viver sozinha cercada de tanta gente, pensando em como deve ser possível sair da multidão silenciosa sem que ninguém te veja. Saio me observando, cada pedaço de mim, resgatando as partes que ficaram encostadas no lixo até criar coragem para cuidá-las outra vez. Não me amo, me reconheço. Em suas devidas proporções de tempo, não vejo mais seu rosto como primeira imagem, vejo o meu e penso como o deixei envelhecer assim, eu era tão bonita. Continua bonita, porém adulta, de uma 'adultez' fria como nunca gostei, como nunca desejei. Queria ser livre de toda esse ranço adulto de tristeza, mas me esqueci disso nos mesmos tempos em que esqueci de mim. Não quero me perder mais, não posso, é a minha última chance de conduzir minha vida a delicadeza que sempre desejei. Depois de uma noite bem dormida no limite da minha estranheza, treino o viver só, numa manhã tão azul e passarinhada como eu costumava ser. Aprendi a esperar.
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